Brasil obtém patente vital para tratamento de hemofílicos

22/06/2015 09:27

A Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto obteve nos Estados Unidos a patente do fator VIII recombinante – proteína responsável pela coagulação do sangue usada no tratamento dos pacientes hemofílicos. A fundação, ligada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, já havia obtido a patente nacional do produto. Com o reconhecimento internacional da propriedade intelectual, o tratamento pode ser oferecido ao público.
A hemofilia é causada pela deficiência das proteínas responsáveis pela coagulação do sangue. Os tratamentos são baseados no fornecimento dessas substâncias, extraídas do plasma de doadores ou sintetizadas em laboratório.
Segundo a pesquisadora Virginia Picanço Castro, como a proteína brasileira é desenvolvida a partir de células humanas, o tratamento deve superar efeitos colaterais enfrentados com os produtos oferecidos atualmente.
– As proteínas recombinantes (sintéticas) que têm hoje no mercado são todas feitas em linhagens murinas, são células de hamster. O que acontece é que essas proteínas são um pouquinho diferente das que seriam produzidas nativamente pela gente. Então, os pacientes desenvolvem anticorpos contra essa proteína e o tratamento vai ficando menos efetivo – explica.
Outro resultado dos 15 anos de trabalho da equipe de pesquisa do hemocentro é a possibilidade de oferecer um produto mais barato do que os usados hoje.
– Ainda é um tratamento caríssimo, é uma das proteínas mais caras que o governo importa – enfatiza Virginia.
De acordo com o hemocentro, o governo brasileiro gastou R$ 522 milhões de janeiro de 2011 a março de 2013 com a importação do fator VIII.
– A gente vem com a proposta de um fator VIII melhor e com uma tecnologia brasileira para tentar fazer um produto mais barato – destaca a pesquisadora.
Para ser comercializado, o fator VIII desenvolvido pelo hemocentro precisa agora de uma empresa que produza em escala.
Os pesquisadores continuam trabalhando para desenvolver outros derivados sintéticos do sangue. O hemocentro fez há duas semanas a requisição de patente do fator VII recombinante.
– Ele também é um fator de coagulação que pode ser usado para os pacientes hemofílicos A e B, que não respondem mais aos tratamentos com os fatores VIII ou XIX. É um tratamento alternativo. Só tem uma empresa que o produz no mundo. Então, ele é importado e bem caro – diz Virginia.

Fonte: http://correiodobrasil.com.br/brasil-obtem-patente-vital-para-tratamento-de-hemofilicos/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20150621